terça-feira, 5 de agosto de 2008

Duas palavras

[texto produzido no dia 10 de julho de 2008]

- Estou tão cansada.

- Cansada? Nunca escuto você falar isso...

- É que normalmente eu só penso, nunca falo.

- Eu tenho uma cama bem quentinha e gostosa lá em cima, no meu quarto. Se quiser, a gente sobe e você...

- Dorme?

- É... pode ser.

- Até parece. Bem João, já fiquei tempo demais por aqui.

- Tempo demais? Não tem nem 10 minutos que você interfonou e eu desci, que dirá o tempo que você tá aqui comigo.

- É que eu tenho tanto trabalho pra fazer e todos são pro ínicio da semana que vem.

- Então tem tempo pra fazer isso.

- Aí eu perco meu fim de semana!

- Então eu ajudo você a fazer.

- Ajuda? Sei. Da última vez que você disse que ia fazer isso, eu fiquei foi mais enrolada.

- Eu ando sentindo tanta saudade de você.

- Sentir saudade é bom! Deixa eu te falar, eu vou fazer aula de guitarra. Já sei violão mesmo, aí fica mais fácil.

- Vai é?! Achei que era bateria.

- Não, o professor de bateria da sua acadêmia não gosta muito de mim...

- Então vou mandá-lo embora. Você é apaixonada por bateria...

- Na verdade é piano. E eu gosto mesmo é do professor de gruitarra, desta academia.

- Tá me dizendo que vai fazer aulas de guitarra comigo?

- É... tô passando muito pouco tempo com você.

- Ah, Melissa, não precisa tanto. Você já anda com tanta coisa pra fazer. E além do mais, você nem é muito fã de guitarra.

- Já disse que é pelo professor. E depois, não tenho pressa quanto à bateria ou ao piano.

- Acho que você é uma bruxinha ou tem poderes de controlar o tempo.

- Quem me dera?

- Nunca tem tempo pra nada, mas sempre arranja tempo pra tudo. Como que você consegue, nhein, menina?

- Eu uso meus poderes mágicos - e lhe deu um beijo rápido - Tchau! Preciso ir - e foi se afastando dele, do seus braços, calmamente...

E num ato repentino, antes que ela soltasse de vez sua mão João a puxou, fazendo com que ela olhasse para ele.

- Mel, amo você.

Ela não sorriu e nem respondeu. Apenas o encarou, deixando algumas mechas de seu cabelo dancarem com o vento na frente de seu rosto.

- Mel? Disse algo de errado?

Com um sorriso leve no rosto, fez que não com a cabeça.

- Foi apenas algo inédito, num momento especial... para você.

Ele sorriu e a deixou ir.

Naquela noite, Melissa, a Mel, não fez seus trabalhos. João nunca havia lhe dito aquilo e sabia que ele só diria quando tivesse certeza. Quando achasse que era o momento. Um momento especial.

Aquele dia, não tinha sido muito bom para Melissa. Mas se tornou inesquecível, com duas palavras simples.