- Olá, a senhora é a Maria?
- S-sim... s-sou eu...
- Quer alguma coisa, uma água, um calmante?
- N-não, n-não senhora...
- Se precisar de alguma coisa, é só pedir, tá? Eu fiz uma entrevista com seus filhos, também. A entrevista foi separada, assim como a da senhora está sendo. Eles foram avaliados pela enfermeira daqui e ela constatou que não há nenhuma lesão interna grave, apenas os sintomas visíveis mesmo. O mesmo foi apresentado na senhora. Nenhum osso quebrado ou lesão interna. Mas eu preciso lhe fazer algumas perguntas: isso já aconteceu antes?
- Como?
- O marido da senhora, já bateu em você ou na crianças antes?
- N-não. Nunca! Ele... ele... na verdade...
- Maria?
- Ele nunca bateu nos meus filhos antes. Ele é um bom pai e...
- Maria! Eu vou repetir a pergunta, porque eu acho que a senhora não está sendo sincera comigo. E caso eu consiga comprovar o contrário do que a senhora está me dizendo, a senhora pode perder a guarda dos seus filhos. Então, o seu marido já lhe bateu antes ou em algum dos seus filhos?
- Se a senhora puder entender...
- Eu só compreendo uma coisa, Maria: eu tenho duas crianças na outra sala que estão com medo do pai porque uma vez ele quase matou a mãe deles. Preciso do depoimento da senhora.
- Mas ele vai matar os meus filhos se eu assinar essa ocorrência. Será que a senhora não entende? Eu não vou surportar viver se alguém tirar os meus filhos de mim.
- Então conte a verdade. A gente garante a segurança de vocês. Pode confiar!
- Ele nunca bateu neles. Só em mim. Nunca bateu, porque eu nunca d-deixei... E-eu sempre apa-panhei no lugar deles. Até a r-raiv-va dele passar. M-mas dessa vez eu n-não t-tive força pra imped-dir. Ele tava com muita raiva. Tirou toda a minha força e foi pra cima das cria-anças...
- Então ele nunca bateu nelas antes? Mas sempre bateu na senhora?
- É...
- Há quanto tempo vocês são casados?
- 17 anos.
- Há quanto tempo ele te bate?
- 15 a-anos.
- Quantos anos tem sua filha mais velha?
- 10 anos. E o mais novo tem 7.
- Ele chegou a bater na senhora grávida?
- Uma vez. Na segunda gravidez. Achei que ia perd-der meu filho. Mas aí, ele nasceu primogênito de 8 meses.
- São 15 anos, Maria. A senhora precisa dar um basta nisso. Seus filhos cresceram vendo o pai bater na mãe deles... Se não é pela senhora, pelo menos por eles.
- Mas e se ele matar um dos meus filhos? Ele vai vir atrás da gente. Eu não posso deixar...
- A gente não vai deixar, tudo bem?
- Tudo bem. E pra onde a gente vai? Eu não tenho ninguém, não trabalho. Eu sou dependente dele.
- Nós vamos enviá-los há uma casa de apoio à família, ok?
- Tá...
- Agora, preciso que assine essa ocorrência. Nós vamos entrar com uma processo contra o seu marido de agressão dolar, e se a senhora quiser, também entraremos com processo de separação de bens. Assim, a senhora e os seus filhos não ficam totalmente desamparados.
- Me empresta a sua c-caneta. Eu v-vou querer a separação também.
- Tudo bem. É o melhor que a senhora pode fazer, Maria. Pela senhora e pelas crianças.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Das Entrelinhas
[Originalmente escrito em 4 de setembro de 2008]
"A"ndré, "B"ernardo e "C"arlos descobriram que se envolveram com a mesma mulher. Mas foram cautelosos, frios e agiram com inteligência. Agiriam diferente, se vingariam dela, e não uns dos outros.
"C"arlos sabia que "D"aniel também havia se envolvido com ela e sabia que ele estava depressivo por isso. Queria muito que ele participasse daquele complô contra aquela mulher; mas ele não apareceu. "Melhor assim", pensou ele.
Então, os três esperaram pacientemente que ela passasse por eles. Tudo estava acontecendo como o planejado. Não havia nada fora do lugar.
Eles estavam em posições discretas, no lugar certo, na hora exata.
Mas "F"lávia aparecera no local acompanhada de "E"rnesto. "Droga! O que ela fazia ali no carro dele? O que ele estava fazendo ali, com ela?"
Não podiam mais esperar. Teria que pagar o preço junto com ela. Não podiam deixar a oportunidade passar e poupar a vida de "E"rnesto. Fazer isto, era destruir a vida deles.
Então, tudo aconteceu rapidamente. Ninguém conseguiu dá evidências concretas aquele acidente.
Era o fim!
O fim da dor que aquela mulher causava a todos eles. Mas também, era o fim de "E"rnesto.
Que pena!
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