sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Prédios velhos

Atividade de disciplina de graduação de Pedagogia [Projeto 01 - OEA] - Por tema de Relatos da Alma
Essa foi minha crônica. Gostei tanto que guardei pra postar aqui.


Prédios Velhos

Prédios velhos rodeados por grama e terra, salas quentes, chove-se muito dentro, idéias a flor da pele e uma imensidão de mundo desconhecido. O popular se torna assim: desconhecido. O conhecido, o velho conhecido, se torna novo.

A alegria contagia. A preocupação e a correria também. O semestre anda num compasso lento e sem tempo. Tempo, mano velho que não lhe permite viver para outra coisa, a não ser pra crescer nesse novo universo.

A vida aflora com idéias sobre uma nova educação. Sobre o preconceito e as diversas visões de diversas culturas.

Tantas diferenças reunidas dentro de um espaço que é sempre igual. Igual fisicamente. Porque quem o frequenta, se torna outro ser aos poucos.

Muda as idéias, muda a rotina, muda as amizades, muda os valores.

Se assimila cultura, se absorve ensino, se doa o que foi aprendido.

E o velho eu, se faz novo.

Porque o velho eu, se renova na lágrima e no sorriso encontrado diariamente a cada dia – ou noite – dentro desses prédios velhos.

Prédios velhos tombados como Patrimônios Culturais da Humanidade, mas que não sabe que o melhor patrimônio – e o maior, também – é o sentimento que permanece, o sentimento de amizade.

Marcas que se levará para a vida inteira. Impressões que ficarão.

Como alguém me disse: momentâneo. Sim. Mas que pode ser eterno.

Afinal, esses momentos é que estão construindo boa parte de uma vida vivida nesses velhos prédios, envoltos por uma grama verde no verão e amarela na inverno.

[Novembro de 2008]

Dedicada a vocês, que sabem quem são e que, sem os quais, a UnB não teria a menor graça...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Senhor Céu, Bela Primavera

- Nossa, o céu está tão bonito, né? Azulzinho. Não me lembro dele em tão bonita majestade... é, não me recordo mesmo.

- Sim. Ele está bonito. Maravilhosamente bonito. Como tu estás - ela sorriu, corando a face, e o deixou que abraçasse sua cintura, enquanto caminhavam pelo campo verde da fazenda.

- Obrigada, Meu Caro Senhor.

- Não há de que, Bela Dama. Aliás, a mais bela que tenho visto nestes últimos tempos. Não me recordo de beleza tão pura, tão delicada - disse encarando o céu.

- Olha que eu acredito, Caro Senhor...

- Mas são palavras verdadeiras, Bela Dama. E olha que tenho visto muitas damas bonitas. Porém, cheguei a conclusão de que nenhuma dama supera tua beleza.

- Isso significa que tens olhado e pesquisado sobre outras mulheres?

- Sim Bela Dama. Não irei negar. Mas apenas para me certificar de que minha tese é absolutamente verdadeira.

- Tese, caro Senhor?

- Sim, tese Bela Dama. Uma tese de que não há, em lugar algum, moça tão bonita. Nem na Índia, França ou México...

- Vejo que tens viajado muito.

- Sim, tenho. Também fui do Pantanal e aos Pampas. Nada, nada é mais belo do que a senhorita, Minha Bela.

- Óh! O que é isto, Caro Senhor? Tantos elogios assim, chegam a me constranger.

- E te arrancas o mais singelo sorriso.

- Então, Caro Senhor, depois de tantas pesquisas, temo que devo dar-te um prêmio. Pois mereces, Meu Caro.

- E que recompensa seria melhor do que o teu doce sorriso?

Sorrindo, ela o respondeu calmamente.

- Um doce beijo, Caro Senhor.

E ambos pararam de andar. Ela ficou de frente para ele e lhe envolveu o pescoço com seus braços. Em movimentos delicados, uniram seus lábios e se beijaram. Beijaram como se não houvesse mais céu acima deles. Como se não houvesse chão. Mas era como se levitassem, carregados por borboletas e pelo vento fresco que batia em seus rostos.

- Bela Dama? - chamou ele, ainda de olhos fechados, ainda com a boca próxima a dela - Jamais me esquecerei deste doce mês de Setembro... Deste doce fim de inverno... E deste maravilhoso inicio de primavera.

- Nem eu, Caro Senhor. Nem eu.

E sorrindo um sorriso imenso por dentro e por fora, se beijaram outra vez.

[Julho de 2008]

sábado, 6 de dezembro de 2008

Este dia!

envelhecer:

v. tr. e int.,

tornar ou tornar-se velho.




Passam-se os anos, passam-se os meses, os dias, as horas, os minutos... e finalmente, os segundos.

4800 meses de vida!

Quando se é pequeno, um pré-adolescente, deseja-se muito crescer e ter seus 18 anos. Ser um "maior de idade"; e imagina-se o que estará fazendo aos 20 anos de idade - eu imaginava que estaria morando sozinha, com meu emprego fixo e bom e cursando uma faculdade!

Aos 20 anos...
Não mais se cresce. É a flor da idade. Como me disse uma amiga dos tempos de colégio: "Agora tamo é no ponto, rapá".
A perguntinha besta de sempre, "como é tá ficando mais velha?". E o pai e mãe se preocupando com a velhice que vem chegando, pois o filho está fazendo 20 anos.
"Há 2 décadas atrás você era um bebê emamava aqui, óh!" Aponta a mãe pro filho que acha graça.
Independência. Independente da sua situação financeira, ela é diferente de 2 anos atrás.
Responsabilidade! Essa, que já vinha crescendo, agora pesa. Principalmente quando se é o filho mais velho dentre os irmãos.
2.0!
Desespero pra uns. Afinal, acabou-se a adolescência. Agora você é o que Linz denomina de Adulto Jovem.
Para outros, vitória. Festa! Muitas pessoas nem chegam a essa idade.

O tal do inferno astral acaba. - Graçias a Dios!

"Hoje é o seu dia! Que dia mais feliz."

Para mim, dia comum [dia de terça-feira. Nunca façam aniversarios nas terças se você gosta de comemorar no dia. É um dia terrível para se aniversariar. Escute meu conselho]. Rotina igual. Apenas se lembrando que está ficando mais velho porque ninguém lhe permite esquecer-se.

Ruim mesmo, seria se ninguém lembrasse.

Mais um ano de vida. Festa arranjada, planejada, surpresa. Comemoração simples, festa glamurosa. Sem festas! Por favor. Apenas vamos sentar e conversar.

Ruim é a hora de cantar parabéns: você vira o centro das atenções, das palmas desaritmadas. Velhinhas acesas à sua frente e você ali, sem graça, sem saber o que fazer...

Presentes. Sempre depende do valor sentimental que se dá a eles. As vezes, não se ganha presentes físicos... mas presenciais.

Estes sim, são importantes.
Porque nada se compara a sensação de acordar no seguinte feliz, por ter tido o melhor aniversário de toda a sua vida. Sereno e tranquilo. Diferente de dias cinzas pelos quais tem passado - culpa do tal inferno astral.

Diferente do usual, do que se quer, do que se planeja.
Apenas bem. Porque bom mesmo, é fazer a vida ser comemorativa a cada dia, e não apenas nesse dia em que se faz mais um ano de vida.

[Novembro de 2008]