sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Prédios velhos

Atividade de disciplina de graduação de Pedagogia [Projeto 01 - OEA] - Por tema de Relatos da Alma
Essa foi minha crônica. Gostei tanto que guardei pra postar aqui.


Prédios Velhos

Prédios velhos rodeados por grama e terra, salas quentes, chove-se muito dentro, idéias a flor da pele e uma imensidão de mundo desconhecido. O popular se torna assim: desconhecido. O conhecido, o velho conhecido, se torna novo.

A alegria contagia. A preocupação e a correria também. O semestre anda num compasso lento e sem tempo. Tempo, mano velho que não lhe permite viver para outra coisa, a não ser pra crescer nesse novo universo.

A vida aflora com idéias sobre uma nova educação. Sobre o preconceito e as diversas visões de diversas culturas.

Tantas diferenças reunidas dentro de um espaço que é sempre igual. Igual fisicamente. Porque quem o frequenta, se torna outro ser aos poucos.

Muda as idéias, muda a rotina, muda as amizades, muda os valores.

Se assimila cultura, se absorve ensino, se doa o que foi aprendido.

E o velho eu, se faz novo.

Porque o velho eu, se renova na lágrima e no sorriso encontrado diariamente a cada dia – ou noite – dentro desses prédios velhos.

Prédios velhos tombados como Patrimônios Culturais da Humanidade, mas que não sabe que o melhor patrimônio – e o maior, também – é o sentimento que permanece, o sentimento de amizade.

Marcas que se levará para a vida inteira. Impressões que ficarão.

Como alguém me disse: momentâneo. Sim. Mas que pode ser eterno.

Afinal, esses momentos é que estão construindo boa parte de uma vida vivida nesses velhos prédios, envoltos por uma grama verde no verão e amarela na inverno.

[Novembro de 2008]

Dedicada a vocês, que sabem quem são e que, sem os quais, a UnB não teria a menor graça...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Senhor Céu, Bela Primavera

- Nossa, o céu está tão bonito, né? Azulzinho. Não me lembro dele em tão bonita majestade... é, não me recordo mesmo.

- Sim. Ele está bonito. Maravilhosamente bonito. Como tu estás - ela sorriu, corando a face, e o deixou que abraçasse sua cintura, enquanto caminhavam pelo campo verde da fazenda.

- Obrigada, Meu Caro Senhor.

- Não há de que, Bela Dama. Aliás, a mais bela que tenho visto nestes últimos tempos. Não me recordo de beleza tão pura, tão delicada - disse encarando o céu.

- Olha que eu acredito, Caro Senhor...

- Mas são palavras verdadeiras, Bela Dama. E olha que tenho visto muitas damas bonitas. Porém, cheguei a conclusão de que nenhuma dama supera tua beleza.

- Isso significa que tens olhado e pesquisado sobre outras mulheres?

- Sim Bela Dama. Não irei negar. Mas apenas para me certificar de que minha tese é absolutamente verdadeira.

- Tese, caro Senhor?

- Sim, tese Bela Dama. Uma tese de que não há, em lugar algum, moça tão bonita. Nem na Índia, França ou México...

- Vejo que tens viajado muito.

- Sim, tenho. Também fui do Pantanal e aos Pampas. Nada, nada é mais belo do que a senhorita, Minha Bela.

- Óh! O que é isto, Caro Senhor? Tantos elogios assim, chegam a me constranger.

- E te arrancas o mais singelo sorriso.

- Então, Caro Senhor, depois de tantas pesquisas, temo que devo dar-te um prêmio. Pois mereces, Meu Caro.

- E que recompensa seria melhor do que o teu doce sorriso?

Sorrindo, ela o respondeu calmamente.

- Um doce beijo, Caro Senhor.

E ambos pararam de andar. Ela ficou de frente para ele e lhe envolveu o pescoço com seus braços. Em movimentos delicados, uniram seus lábios e se beijaram. Beijaram como se não houvesse mais céu acima deles. Como se não houvesse chão. Mas era como se levitassem, carregados por borboletas e pelo vento fresco que batia em seus rostos.

- Bela Dama? - chamou ele, ainda de olhos fechados, ainda com a boca próxima a dela - Jamais me esquecerei deste doce mês de Setembro... Deste doce fim de inverno... E deste maravilhoso inicio de primavera.

- Nem eu, Caro Senhor. Nem eu.

E sorrindo um sorriso imenso por dentro e por fora, se beijaram outra vez.

[Julho de 2008]

sábado, 6 de dezembro de 2008

Este dia!

envelhecer:

v. tr. e int.,

tornar ou tornar-se velho.




Passam-se os anos, passam-se os meses, os dias, as horas, os minutos... e finalmente, os segundos.

4800 meses de vida!

Quando se é pequeno, um pré-adolescente, deseja-se muito crescer e ter seus 18 anos. Ser um "maior de idade"; e imagina-se o que estará fazendo aos 20 anos de idade - eu imaginava que estaria morando sozinha, com meu emprego fixo e bom e cursando uma faculdade!

Aos 20 anos...
Não mais se cresce. É a flor da idade. Como me disse uma amiga dos tempos de colégio: "Agora tamo é no ponto, rapá".
A perguntinha besta de sempre, "como é tá ficando mais velha?". E o pai e mãe se preocupando com a velhice que vem chegando, pois o filho está fazendo 20 anos.
"Há 2 décadas atrás você era um bebê emamava aqui, óh!" Aponta a mãe pro filho que acha graça.
Independência. Independente da sua situação financeira, ela é diferente de 2 anos atrás.
Responsabilidade! Essa, que já vinha crescendo, agora pesa. Principalmente quando se é o filho mais velho dentre os irmãos.
2.0!
Desespero pra uns. Afinal, acabou-se a adolescência. Agora você é o que Linz denomina de Adulto Jovem.
Para outros, vitória. Festa! Muitas pessoas nem chegam a essa idade.

O tal do inferno astral acaba. - Graçias a Dios!

"Hoje é o seu dia! Que dia mais feliz."

Para mim, dia comum [dia de terça-feira. Nunca façam aniversarios nas terças se você gosta de comemorar no dia. É um dia terrível para se aniversariar. Escute meu conselho]. Rotina igual. Apenas se lembrando que está ficando mais velho porque ninguém lhe permite esquecer-se.

Ruim mesmo, seria se ninguém lembrasse.

Mais um ano de vida. Festa arranjada, planejada, surpresa. Comemoração simples, festa glamurosa. Sem festas! Por favor. Apenas vamos sentar e conversar.

Ruim é a hora de cantar parabéns: você vira o centro das atenções, das palmas desaritmadas. Velhinhas acesas à sua frente e você ali, sem graça, sem saber o que fazer...

Presentes. Sempre depende do valor sentimental que se dá a eles. As vezes, não se ganha presentes físicos... mas presenciais.

Estes sim, são importantes.
Porque nada se compara a sensação de acordar no seguinte feliz, por ter tido o melhor aniversário de toda a sua vida. Sereno e tranquilo. Diferente de dias cinzas pelos quais tem passado - culpa do tal inferno astral.

Diferente do usual, do que se quer, do que se planeja.
Apenas bem. Porque bom mesmo, é fazer a vida ser comemorativa a cada dia, e não apenas nesse dia em que se faz mais um ano de vida.

[Novembro de 2008]

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O Casamento (II parte)

Quando saiu de dentro da limusine, a primeira coisa em que pensou foi: "Quem será que está pagando este casamento caríssimo?"

Thiago devia valer muito a pena para ela fazer aquela loucura. Ele devia ser muito bonito e um milionário para compremeter sua liberdade de ser dona do seu nariz.

- Mas ainda sim, como eu vim parar aqui dentro desse vestido?

- Ora, querida, não quer mesmo que eu te conte, né? E olha que eu nem estava lá pra lhe ver se vestindo.

- Papai! Pára de fazer piadinhas. Isso é sério. Eu não quero me casar.

- Você só está nervosa meu bem. E muito linda! A noiva mais linda que já vi em toda minha vida.

Lisa forçou um sorriso. Uma senhora muito elegante veio até ela com um buquê nas mãos e lhe entregou-o. Lisa o pegou mecanicamente. Ainda havia tempo para fugir. Ou simplesmente diria "não". "Não reverendo. Eu me nego a me casar com um homem que eu não conheço."

- Vamos meu bem. A música já foi iniciada.

Lisa saiu do seu estado de transe e segurou no braço do pai e lentamente, subiu as escadas sentindo os pés pisando cada degrau. Seu coração batia acelerado.

Ao passar pelo saguão de entrada, sentiu o estômago pesar. Centenas de pessoas olhavam para ela. Muitas, nem sequer conhecia. Todos sorriam para ela. Alguns cochichavam coisas nos ouvidos de outros. Lisa olhou pra frente. Não conseguia reconhecer o homem que a esperava com um sorriso na face.

- Meu bem, sorria! - Disse-lhe seu pai, baixinho, para que ninguém mais, apenas ela escutasse.

Mas Lisa não conseguiu. Queria chorar. Chorar e sair correndo...

Cada passo até aquele homem, foi sofrido. Chegara até ali rápido demais - mas queria que tivesse levado uma eternidade para isto.

- Lisa, como você está linda, meu anjo! - O homem desconhecido disse a olhando nos olhos e lhe beijando a maçã do rosto.

- Th-hiago, né?! Desculpa, mas eu nem sei quem é você.

- Não se preocupe meu bem, você terá uma vida para descobrir - respondeu-lhe tranquilamente.

Eles se voltaram para frente e o reverendo deu continuidade a cerimônia.

"O que ele quis dizer com Não se preocupe? Lisa, se preocupou ainda mais. Porque no fundo, sabia que não era aminésia pré-casamento. Sabia que realmente, não o conhecia.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eu acredito

Eu acredito. Acredito em ti.
Acredito em todas as vezes em que me dizes sim ou me dizes não. Acredito quando me contas a verdade, meia verdade ou uma simples mentira.
Acredito quando tu me dizes as horas e quantas estrelas há no céu.
Acredito quando me falas que já navegou pelos sete mares e que um dia pisaste na lua.
Acredito em ti quando me contas a direção em que o vento segue e que um dia apostaste corrida com ele e venceste.
Acredito todas as vezes que me fazes cócegas. Tu me fazes rir. Me fazes acreditar que eu sei ser feliz.
Acredito nas tuas fantasias e nos teus sonhos.
Acredito em ti quando me dizes que sou o ser mais belo e mais fascinante em toda a face da terra e que quando olhas para o lado, é porque quer se certificar que essa verdade ainda existe.
Acredito em todas as histórias que me contas sobre o sol.
Acredito quando dizes que confia em mim e que é para eu confiar em ti.
Acredito quando brigas comigo e me deixa enraivecida e nisso, me dás segurança.
Acredito quando me contas que a dona do teu coração sou eu.
Acredito quando dizes que me ama e que há luz nos meus olhos.
Acredito quando me amas, me fazes sentir o teu amor.
Acredito porque quando olho nos teus ollhos e vejo todas as repostas para todas as perguntas que tenho sobre a vida.
Acredito porque me fazes feliz.
Simplesmente feliz.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Casamento


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[Escrito originalmente em 08 de janeiro de 2008]
Graciosos raios de sol que entravam pelas brechas da cortina na janela a despertaram. Ela despreguiçou gostoso e ficou pensando no dia que teria pela frente. Precisava ir ao banco, pagar algumas contas, contratar uma nova diarista e outra passadeira. Também precisava terminar os relatórios do trabalho. Havia muita coisa pra se fazer naquele dia. Uma imensa vontade de continuar na cama a invadiu.

Mas espera um pouco... que dia era aquele? Ela não conseguia se lembrar.

Terça, quarta... talvez quinta. Setembro, outubro? Não. Maio. Mas porquê maio? 12 de maio. O que é que tinha aquela data? E porque não sabia que dia era hoje? Tanto faz. Ligaria a tv ou o rádio e logo saberia.

- Olá minha filha! Minha princesa. - Sua mãe adentrou pela porta lhe dando o maior susto. O que ela fazia ali?

- O que você tá fazendo aqui?

- Bom dia pra você também, meu amor... Agora se levante, temos muita coisa pra fazer. Primeiro temos que preparar sua maquiagem, seu cabelo. O meu Deus, minha linda! Sua pele está um pouco manchada. E esse cabelo. Lisa, que cabelo mais horrível, desidratado. Você anda muito relaxada, hein?! E logo hoje? Levanta, anda! Bora, bora...

- Me arrumar pra quê? Que que eu tenho? Pra que tudo isso? E o que é que você está fazendo aqui?

- Não estou pra brincadeiras Lisa. Levanta! Paolo... Paolo, pode entrar.

Um homem um tanto afeminado entrou com duas malas de mão nas mãos, seguido por uma equipe do que pareceu...

- Cabelereiros???? Pra quê...

- Muito prazer, senhorita Lisa. Eu sou Paolo e esta é minha ma-ra-vi-lho-sa equipe. Não se preocupe. Faremos de você a noiva mais linda que alguém possa ter visto.

- Noiva!!!! Que história é essa? Que brincadeira mais sem graça...

- Sente-se aqui por favor. Rapazes e Meninas, hora de começar.

Rapidamente, todos, uma equipe de 7 pessoas abriram suas maletas e retirama tesouras, lixas, secadores, toalhas e objetos que não pareciam ter fim.

Lisa se sentiu perdida no meio daquilo tudo. Uma verdadeira marionete... Noiva? Como assim?

- Ah, Mila! Milinha... Graças à Deus você chegou. - Ela interrompeu o trabalho de tantas mãos em seus cabelos, unhas e rosto, se levantando para um abraço desesperado em sua amiga. - Já volto pessoal - disse para as pessoas com escova, picéis de blush e esmalte nas mãos. Pegou em uma das mãos da amiga, a levou para dentro do banheiro e fechou a porta atrás de si - o que é tudo isso? Que história é essa de noiva? Eu vou casar?

- Como assim? Lisa, você bebeu ou perdeu a memória?

- Mila? Me diz que eu não estou noiva? Por favor?

- Lisa, olha isso aqui na sua mão direita. Daqui algumas horas, vai ter uma mais grosa e mais linda do que essa na sua outra mão. Minha nossa! Você tá bem?
- E eu vou casar com quem, pelo amor de Deus?
- Com o Thiago! Lisa, você está mal mesmo, nhein... ou se esqueceu dele também?
- Mas quem é Thiago?
- Como assim? Lisa, vai fazer um ano que vocês estão noivos!
- Não, Mila, tá tudo errado! Eu não amo esse cara, eu não quero me casar com ele. Eu não conheço ela, eu...
- Mas você tem uma festa enorme pra daqui a três horas. Lisa, não dá pra cancelar tudo. E você vai acabar com a vida do Thiago.
- E se eu chegar a entrar em um vestido, eu vou acabar com a minha vida! E como é que minha mãe conseguiu a chave do meu apartamento?
- Você deu uma chave pra ela ontem. Lisa, acho que você precisa de um médico.
- Eu preciso saber quem é ele.
- Lisa, casa e depois você conversa com ele, tudo bem?
- Filha! - Ouviu-se a voz da mãe de Lisa do outro lado da porta. - O vestido já chegou, meu bem. Ande logo.
- Isso tudo é uma loucura.
Os raios de sol já não estavam mais graciosos, já não importavam mais as contas a pagar e não havia mais preguiça. Não haveria independência. Como ela poderia se casar se nunca quis isso pra si. Noiva? Quem era Thiago? Lisa queria saber como se meteu naquela confusão. Agora, ela já sabia que dia era. O dia de seu casamento...
[continua...]

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Uma Certa Maria

- Olá, a senhora é a Maria?

- S-sim... s-sou eu...

- Quer alguma coisa, uma água, um calmante?

- N-não, n-não senhora...

- Se precisar de alguma coisa, é só pedir, tá? Eu fiz uma entrevista com seus filhos, também. A entrevista foi separada, assim como a da senhora está sendo. Eles foram avaliados pela enfermeira daqui e ela constatou que não há nenhuma lesão interna grave, apenas os sintomas visíveis mesmo. O mesmo foi apresentado na senhora. Nenhum osso quebrado ou lesão interna. Mas eu preciso lhe fazer algumas perguntas: isso já aconteceu antes?

- Como?

- O marido da senhora, já bateu em você ou na crianças antes?

- N-não. Nunca! Ele... ele... na verdade...

- Maria?

- Ele nunca bateu nos meus filhos antes. Ele é um bom pai e...

- Maria! Eu vou repetir a pergunta, porque eu acho que a senhora não está sendo sincera comigo. E caso eu consiga comprovar o contrário do que a senhora está me dizendo, a senhora pode perder a guarda dos seus filhos. Então, o seu marido já lhe bateu antes ou em algum dos seus filhos?

- Se a senhora puder entender...
- Eu só compreendo uma coisa, Maria: eu tenho duas crianças na outra sala que estão com medo do pai porque uma vez ele quase matou a mãe deles. Preciso do depoimento da senhora.

- Mas ele vai matar os meus filhos se eu assinar essa ocorrência. Será que a senhora não entende? Eu não vou surportar viver se alguém tirar os meus filhos de mim.

- Então conte a verdade. A gente garante a segurança de vocês. Pode confiar!

- Ele nunca bateu neles. Só em mim. Nunca bateu, porque eu nunca d-deixei... E-eu sempre apa-panhei no lugar deles. Até a r-raiv-va dele passar. M-mas dessa vez eu n-não t-tive força pra imped-dir. Ele tava com muita raiva. Tirou toda a minha força e foi pra cima das cria-anças...

- Então ele nunca bateu nelas antes? Mas sempre bateu na senhora?

- É...

- Há quanto tempo vocês são casados?

- 17 anos.

- Há quanto tempo ele te bate?

- 15 a-anos.

- Quantos anos tem sua filha mais velha?

- 10 anos. E o mais novo tem 7.

- Ele chegou a bater na senhora grávida?

- Uma vez. Na segunda gravidez. Achei que ia perd-der meu filho. Mas aí, ele nasceu primogênito de 8 meses.

- São 15 anos, Maria. A senhora precisa dar um basta nisso. Seus filhos cresceram vendo o pai bater na mãe deles... Se não é pela senhora, pelo menos por eles.

- Mas e se ele matar um dos meus filhos? Ele vai vir atrás da gente. Eu não posso deixar...

- A gente não vai deixar, tudo bem?

- Tudo bem. E pra onde a gente vai? Eu não tenho ninguém, não trabalho. Eu sou dependente dele.

- Nós vamos enviá-los há uma casa de apoio à família, ok?

- Tá...

- Agora, preciso que assine essa ocorrência. Nós vamos entrar com uma processo contra o seu marido de agressão dolar, e se a senhora quiser, também entraremos com processo de separação de bens. Assim, a senhora e os seus filhos não ficam totalmente desamparados.

- Me empresta a sua c-caneta. Eu v-vou querer a separação também.

- Tudo bem. É o melhor que a senhora pode fazer, Maria. Pela senhora e pelas crianças.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Das Entrelinhas

[Originalmente escrito em 4 de setembro de 2008]


"A"ndré, "B"ernardo e "C"arlos descobriram que se envolveram com a mesma mulher. Mas foram cautelosos, frios e agiram com inteligência. Agiriam diferente, se vingariam dela, e não uns dos outros.

"C"arlos sabia que "D"aniel também havia se envolvido com ela e sabia que ele estava depressivo por isso. Queria muito que ele participasse daquele complô contra aquela mulher; mas ele não apareceu. "Melhor assim", pensou ele.

Então, os três esperaram pacientemente que ela passasse por eles. Tudo estava acontecendo como o planejado. Não havia nada fora do lugar.

Eles estavam em posições discretas, no lugar certo, na hora exata.

Mas "F"lávia aparecera no local acompanhada de "E"rnesto. "Droga! O que ela fazia ali no carro dele? O que ele estava fazendo ali, com ela?"

Não podiam mais esperar. Teria que pagar o preço junto com ela. Não podiam deixar a oportunidade passar e poupar a vida de "E"rnesto. Fazer isto, era destruir a vida deles.

Então, tudo aconteceu rapidamente. Ninguém conseguiu dá evidências concretas aquele acidente.

Era o fim!

O fim da dor que aquela mulher causava a todos eles. Mas também, era o fim de "E"rnesto.

Que pena!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Duas palavras

[texto produzido no dia 10 de julho de 2008]

- Estou tão cansada.

- Cansada? Nunca escuto você falar isso...

- É que normalmente eu só penso, nunca falo.

- Eu tenho uma cama bem quentinha e gostosa lá em cima, no meu quarto. Se quiser, a gente sobe e você...

- Dorme?

- É... pode ser.

- Até parece. Bem João, já fiquei tempo demais por aqui.

- Tempo demais? Não tem nem 10 minutos que você interfonou e eu desci, que dirá o tempo que você tá aqui comigo.

- É que eu tenho tanto trabalho pra fazer e todos são pro ínicio da semana que vem.

- Então tem tempo pra fazer isso.

- Aí eu perco meu fim de semana!

- Então eu ajudo você a fazer.

- Ajuda? Sei. Da última vez que você disse que ia fazer isso, eu fiquei foi mais enrolada.

- Eu ando sentindo tanta saudade de você.

- Sentir saudade é bom! Deixa eu te falar, eu vou fazer aula de guitarra. Já sei violão mesmo, aí fica mais fácil.

- Vai é?! Achei que era bateria.

- Não, o professor de bateria da sua acadêmia não gosta muito de mim...

- Então vou mandá-lo embora. Você é apaixonada por bateria...

- Na verdade é piano. E eu gosto mesmo é do professor de gruitarra, desta academia.

- Tá me dizendo que vai fazer aulas de guitarra comigo?

- É... tô passando muito pouco tempo com você.

- Ah, Melissa, não precisa tanto. Você já anda com tanta coisa pra fazer. E além do mais, você nem é muito fã de guitarra.

- Já disse que é pelo professor. E depois, não tenho pressa quanto à bateria ou ao piano.

- Acho que você é uma bruxinha ou tem poderes de controlar o tempo.

- Quem me dera?

- Nunca tem tempo pra nada, mas sempre arranja tempo pra tudo. Como que você consegue, nhein, menina?

- Eu uso meus poderes mágicos - e lhe deu um beijo rápido - Tchau! Preciso ir - e foi se afastando dele, do seus braços, calmamente...

E num ato repentino, antes que ela soltasse de vez sua mão João a puxou, fazendo com que ela olhasse para ele.

- Mel, amo você.

Ela não sorriu e nem respondeu. Apenas o encarou, deixando algumas mechas de seu cabelo dancarem com o vento na frente de seu rosto.

- Mel? Disse algo de errado?

Com um sorriso leve no rosto, fez que não com a cabeça.

- Foi apenas algo inédito, num momento especial... para você.

Ele sorriu e a deixou ir.

Naquela noite, Melissa, a Mel, não fez seus trabalhos. João nunca havia lhe dito aquilo e sabia que ele só diria quando tivesse certeza. Quando achasse que era o momento. Um momento especial.

Aquele dia, não tinha sido muito bom para Melissa. Mas se tornou inesquecível, com duas palavras simples.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Dois novos selos

Ganhar selos é legal...

e dessa vez veio em dupla:

Um é o Prêmio Dardos
O Prêmio Dardos tem como objetivo reconhecer os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. Que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e palavras.


Tô chique né!
Ganhei da Marina do Te Peguei.

E o outro é Esse Blog é Massa

Segundo a pessoa que indicou quem me indicou (ficou estranho), o prêmio visa dar destaque ao blog de conteúdo original e inteligente na blogosfera.

Só não entendi o por que da Ivete Sangalo está neste selo... será que acham ela tão massa assim... bem, deixa pra lá...
Dado pelo Lucas, do O Apanhador.

Bem o meu muito obrigada Marina e Lucas.

Pelo o que intendi, são apenas selos mesmo. E seguindo as regras, devo indicar para no mínimo 3 blogs, para que estes também indiquem no mínimo 3 blogs, e esses outros indicados indicaram para outros 3, que indicaram para mais 3, e que... bem você conhece essa história da blogosfera.
and, the Prêmio Dardos goes to:- Pequeno Inventário, do Max Reinert
- Champ Vinyl, do Rob Gordon
- O Apanahdor, do Lucas Libório
- Velhos Medos, do Hilário Souza

clap, clap, clap... (sim, são sons de aplausos)

and, the Selo Blog Massa goes to:
- Um Pouco de Bossa, da Paty-Naty Maionese
- Coluna do Lorida, do GilGomex
- Champ Vinyl, do Rob Gordon
- Pequeno Inventário, do Max Reinert


clap, clap, clap...

Acho que nem preciso dá muitas explicações. Apenas adoro estes blogs!

A regra dizia no mínimo 3... então eu posso indicar 4! Hum...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O FIM

- Magali?

- Sim, senhor?

- Minha esposa está vindo para cá, nós vamos almoçar juntos, hoje. Devo tirar mais uma hora de almoço, o que significa que vou demorar. Estou para receber alguns relatórios de empresas até as duas horas, preciso que fique para pegá-lo e dê uma analisada se estarão completos. Caso contrário, já sabe o que fazer. Quando eu voltar, você pode tirar o resto do dia de folga.

- Ah, claro senhor – Magali sempre respondia de boa vontade – senhor, é – ela chegou mais próxima dele olhando direto pra ssua boca – o relatório – ele começou a ficar nervoso, não sabia pra onde olhar, mas sabia que ela tinha uma intenção, pois andava notando o jeito com que ela o olhava nas últimas semanas – tem que – ele sentiu sua boca se entreabrir e suas pernas chegarem para trás e baterem na mesa do escritório – ser exatamente – agora sentia seu coração na boca – da forma...

- Magaliiiii, não brinca comigo desse jeito – ele a afastara calmamente e se virara para ficar de costas para ela – você sabe que eu sou um homem casado e bem casado, e eu amo minha mulher – se virou e falou olhando-a diretamente nos olhos – entendeu?

- Não, seu Pablo. Não entendi. Porque na verdade, eu não quero entender – e em uma rapidez ela se aproximara dele, envolveu seu rosto com suas mãos e lhe beijara.

Pablo não sabia se aquilo era bom ou era ruim. Queria continuar, mas sabia que não devia. Sua boca era tão macia e ela, mesmo contra a vontade dele, o beijava calmamente como se fizesse aquilo sempre.

Ela o soltou e ele percebeu que suas mãos estavam no ar, sem qualquer reação, apenas paralisado naquele instante.

Sem qualquer reação e com a respiração ofegante, Pablo olhou para o lado e lá estava ela, ainda segurando a maçaneta.

Linda, com os longos cabelos negros soltos e sedosos. Respirando aceleradamente fazendo com que seus seios, no decote de seu vestido de estampa florida, se movimentassem rapidamente. Seus olhos começavam a se encher de lágrimas. Mas nenhuma palavra, nada saia de sua boca.

- Flávia?! - Magali foi quem dera o primeiro sinal de vida em meio há um silêncio tão frio e penetrante. - Dona Flávia... que surpresa a senhora por aqui!

Flávia não disse nada, apenas olhava de um para o outro com os olhos embaçados de lágrimas que se seguravam para não caírem.

- Flávinha, por favor, é... vo... você está bem meu anjo? Você... Flávia, por favor, não... não... olha, não é isso... eu não trai você, eu, eu, eu amo você e... e... ela... nós estávamos aqui e... Flávia, fala alguma coisa...?

Mas nada foi dito, apenas abaixara os olhos, fazendo com que duas grossas e pesadas lágrimas caíssem. Lentamente, ela absorvia aquela dor e se virou firmando suas pernas e pegando o caminho de volta ao elevador.

- Não, Flávia, meu bem, volta aqui meu anjo... Flávia – Pablo se apressara para ir atrás de Flávia – não Magali, você fica aqui, e ... - mas, mais nada saiu de sua boca, apenas continuou andando.

Flávia se mantinha ereta diante do elevador, olhando fixamente para frente, com lágrimas presas nos olhos.

- Flávia, meu amor, você está bem?

O elevador abriu suas portas e ela entrou e em seguida, ele. Ele a olhara e sentira um peso enorme no seu estômago. As portas do elevador se fecharam.

- Flávia, por favor – a respiração dele era completamente ofegante, seu coração ainda estava na boca – olha, isso tudo é um terrível engano. Eu não tenho absolutamente nada com ela, ela é uma maluca que hoje resolveu me beijar. De repente ela deve está carente, sei lá. Mas por favor, acredite em mim... Flávinha?

Ela apertou o botão pra garagem e fechou os olhos com força.

- Flavinha, não me tortura desse jeito. Por favor. Pelo menos grita comigo? Flávinha?

Mas ela apenas continuou em silêncio, até o elevador parar e dois homens entrarem conversando sobre empresas no sul. Eles ouviam aquela conversa até chegar à garagem, quando os dois homens saíram em passos apressados e Flávia, seguida de Pablo, caminhavam lado a lado calmamente.

-O meu carro está ali – disse Pablo e Flávia apenas o seguia – mas eu estou sem as minhas chaves.

- Flávia retirou o celular da bolsa, discou os números do escritório e pela primeira vez, falou alguma coisa.

- Alô – sua voz saiu firme e doce – Magali? É a dona Flávia, me faz um favor, mande alguém trazer as chaves e o restos das coisas do meu marido aqui na garegem. Obrigada.

Ela desligou, guardou o celular na bolsa e se virara para a porta do elevador. Dez minutos depois, um rapaz alto e magro veio em direção a eles entregara à Pablo seus pertences. Eles entraram no carro. Pablo, por um instante exitou em ligar o carro, mas apenas respirou profundamente e o ligou. Deu ré e foi em rumo a saída da garagem.

- Pra onde nós vamos? - Pablo arriscou dizer.

- Pra casa – Flávia disse, ainda com a voz firme e doce e segurando lágrimas no olhar que pesavam pra cair. Pablo pensou em sugerir um restaurante, mas logo desistiu da idéia. Precisava enfrentar aquilo de uma vez por todas.

Ao chegarem em casa, pablo repousou a maleta e as chaves em cima do móvel de retratos, colocou as mãos na cintura e observou Flávia parada na porta da sala. Ela entrou bem devagar, repousou a bolsa ao lado da maleta dele, retirou os sapatos, respirou profundamente.

“Ela vai gritar...”, foi exatamente o que veio na cabeça de Pablo que mais parecia aliviado com a idéia.

Pablo – Flávia manteve a voz firme e doce, mas não conseguiu mais segurar as lágrimas que desciam calmamente, sem pressa de cairem. - eu vi o que aconteceu. Não quero saber de nenhum detalhe ou qualquer desculpas. Eu só quero lhe fazer uma única pergunta: se você deseja outras mulheres, para quê que se casou comigo? Pra quê? Por que me pediu em casamento?

Flávia – a voz dele mal saía. Sentiu sua voz embargar com o seu choro. De repente se dera conta de que aquilo poderia ser o fim de seu casamento. - eu não quis... eu te pedi em casamento por que eu queria passar a minha vida inteira ao seu lado. Dormir e acordar com você, ao seu lado, ter filhos, ser feliz com você...

- Queria? Esse deve ser o problema, vo-cê queria...

- Não, eu quero – Pablo alterou sua voz em desespero – eu ainda quero e vou querer pro resto da minha vida...

- Então o que foi aquilo, Pablo? – pela primeira nos últimos cinquenta minutos Flávia estava gritando – uma diversão, um intervalo, uma lembrança da sua época de solteiro ou você só queria experimentar aquela magrela?

Flávia não era assim. Estava estranha. E magrela era um termo um tanto educado pra se usar em um momento de raiva.

- Não, não, não... meu Deus, Flávia! Eu estou dizendo a verdade. Por favor, acredita em mim, por favor?

- Chega Pablo – sua voz mal podia ser ouvida – chega... eu, eu tô voltando pro meu apartamento...

- E quando você decidiu isso? De cabeça quente? Sem me dá uma chance de pr...

- Eu – estou – indo – pro- meu – apartamento – ainda – hoje – e – ponto – final.

- Você não pode...

- Ah, posso sim...

- Não, você não pode me deixar...

- Foi você quem resolveu me deixar. - Flávia pegou os sapatos no chão, a bolsa e subiu as escadas em passos apressados; deixando um Pablo atordoado no meio da sala.