quarta-feira, 18 de maio de 2016

Carta aos amigos e amigas militantes desse meu Brasil

Sobre a Educação no Rio Grande do Sul.

A condição de trabalho, carreira e salário no Estado do Rio Grande do Sul anda em estado de alarme e pede luta e resistência. Usando das ferramentas que incentivam um regime hierárquico, o governo do estado, Sartori, coibi e ameaça materialmente os professores que aderirem a greve, acatada em assembleia pela categoria: haverá corte de pontos. A nossa solidariedade a categoria docente do Rio Grande do Sul tem que mostrar apoio e incentivo: não será a primeira vez que governos ameaçarão nossa categoria em cima de nossos salários. O avanço vem com o arrocho na resistência em nossa ousadia em lutar. Ontem fiquei sabendo que uma escola decidiu por não aderir a greve, por conta de seus salários, que já estão em parcelas, como se fosse relação com as Casas Bahia.
Pois bem, a juventude nos deu banho de lição em ousadia, resistência e luta e não foi para a aula. Aderiu a greve em nome de seus professores. 

Procurando por notícias na internet, me deparo com a ocupação de 20 escolas pelos estudantes secundaristas, e até uma escola que teve seu nome alterado em uma assembleia estudantil (de Costa e Silva, passa a se chamar Edson Luís, estudante morto durante a ditadura militar de 1964), dizendo que chegará o momento em que não haverá mais nome de ditador sendo homenageado nesse país.
A escola pública nos pertence.

Todo apoio a luta dos professores e dos estudantes secundaristas do Rio Grande do Sul.

#ocupaeresiste #ocupatudo #educaçãonãoémercadoria


domingo, 15 de maio de 2016

Sobre esse 13 de maio que não pode passar despercebido.



A Princesa Isabel é referendada nos livros didáticos como grande heroína da abolição da escravatura, após aproximados 350 anos de escravidão de negros e negras, trazidos da África.
O que os livros didáticos, encabeçado pela ideologia positivista, liberal e da direita, nunca nos contaram é que uma grande parte dos negros e negras já não eram mais escravos. A alteza do passado apenas cedeu a pressão internacional do grande famigerado capitalismo que precisava de mão-de-obra que sustentasse o mercado - tanto trabalhando sob um baixo custo ao suor de muito trabalho, quanto consumindo.

Os livros didáticos também não nos contaram sobre como os movimentos abolicionistas e quilombos ganhavam força na luta pela condição de escravo dos negros e negras. E que este tiveram grande importância na luta, até que o 13 de maio se concretizasse.

E o que mais me indigna e entristece é que o 13 de maio se concretizou após duas décadas alforriando legalmente os negros e negras da condição de escravo, e não houve sequer alguma medida do Brasil Império para que a população negra tivesse condições de sobrevivência e de viver uma real liberdade. Desde que o processo de alforria de massas de negros e negras se inicia no nosso país, esta população foi sendo expulsa das fazendas, sem trabalho, sem moradia. E foi constituindo suas comunidades urbanas e rurais marginalizados dos direitos civis e perseguidos pela justiça e poder de polícia - como ainda são.

Somente com muita luta, essa população teve direito a ser inserida nas escolas públicas, na década de 1920, já no Brasil República. E ainda assim, em condições de resistência. As condições para inserir a população negra com efetiva matrícula na educação pública, tanto de crianças e adolescentes, como de jovens, adultos e idosos, se concretiza com veemência e aumento quantitativo, há 22 anos, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1994.

Mas esse 13 de maio ainda tem muita luta para se marcada e conquistada. Pois a população que entra na taxa de desistência da escola pública tem não apenas classe, mas uma representatividade massiva em negros e pardos (seguindo a estimativa do IBGE).

Esse 13 de maio ainda não tem a integridade do que se merece ser conquistado: pela situação de vida e vivência das favelas brasileiras, dos quilombos, e população pobre do campo. E não tem porque na luta, brancos como Princesa Isabel são tratados como heróis. E não a população negra que sofreu e ainda sofre consequências de uma elite que enriquece as custas da exploração.

Viva o 13 de maio!
Em memória da nossa marcha, até que sejamos livres.