quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O Casamento (II parte)

Quando saiu de dentro da limusine, a primeira coisa em que pensou foi: "Quem será que está pagando este casamento caríssimo?"

Thiago devia valer muito a pena para ela fazer aquela loucura. Ele devia ser muito bonito e um milionário para compremeter sua liberdade de ser dona do seu nariz.

- Mas ainda sim, como eu vim parar aqui dentro desse vestido?

- Ora, querida, não quer mesmo que eu te conte, né? E olha que eu nem estava lá pra lhe ver se vestindo.

- Papai! Pára de fazer piadinhas. Isso é sério. Eu não quero me casar.

- Você só está nervosa meu bem. E muito linda! A noiva mais linda que já vi em toda minha vida.

Lisa forçou um sorriso. Uma senhora muito elegante veio até ela com um buquê nas mãos e lhe entregou-o. Lisa o pegou mecanicamente. Ainda havia tempo para fugir. Ou simplesmente diria "não". "Não reverendo. Eu me nego a me casar com um homem que eu não conheço."

- Vamos meu bem. A música já foi iniciada.

Lisa saiu do seu estado de transe e segurou no braço do pai e lentamente, subiu as escadas sentindo os pés pisando cada degrau. Seu coração batia acelerado.

Ao passar pelo saguão de entrada, sentiu o estômago pesar. Centenas de pessoas olhavam para ela. Muitas, nem sequer conhecia. Todos sorriam para ela. Alguns cochichavam coisas nos ouvidos de outros. Lisa olhou pra frente. Não conseguia reconhecer o homem que a esperava com um sorriso na face.

- Meu bem, sorria! - Disse-lhe seu pai, baixinho, para que ninguém mais, apenas ela escutasse.

Mas Lisa não conseguiu. Queria chorar. Chorar e sair correndo...

Cada passo até aquele homem, foi sofrido. Chegara até ali rápido demais - mas queria que tivesse levado uma eternidade para isto.

- Lisa, como você está linda, meu anjo! - O homem desconhecido disse a olhando nos olhos e lhe beijando a maçã do rosto.

- Th-hiago, né?! Desculpa, mas eu nem sei quem é você.

- Não se preocupe meu bem, você terá uma vida para descobrir - respondeu-lhe tranquilamente.

Eles se voltaram para frente e o reverendo deu continuidade a cerimônia.

"O que ele quis dizer com Não se preocupe? Lisa, se preocupou ainda mais. Porque no fundo, sabia que não era aminésia pré-casamento. Sabia que realmente, não o conhecia.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eu acredito

Eu acredito. Acredito em ti.
Acredito em todas as vezes em que me dizes sim ou me dizes não. Acredito quando me contas a verdade, meia verdade ou uma simples mentira.
Acredito quando tu me dizes as horas e quantas estrelas há no céu.
Acredito quando me falas que já navegou pelos sete mares e que um dia pisaste na lua.
Acredito em ti quando me contas a direção em que o vento segue e que um dia apostaste corrida com ele e venceste.
Acredito todas as vezes que me fazes cócegas. Tu me fazes rir. Me fazes acreditar que eu sei ser feliz.
Acredito nas tuas fantasias e nos teus sonhos.
Acredito em ti quando me dizes que sou o ser mais belo e mais fascinante em toda a face da terra e que quando olhas para o lado, é porque quer se certificar que essa verdade ainda existe.
Acredito em todas as histórias que me contas sobre o sol.
Acredito quando dizes que confia em mim e que é para eu confiar em ti.
Acredito quando brigas comigo e me deixa enraivecida e nisso, me dás segurança.
Acredito quando me contas que a dona do teu coração sou eu.
Acredito quando dizes que me ama e que há luz nos meus olhos.
Acredito quando me amas, me fazes sentir o teu amor.
Acredito porque quando olho nos teus ollhos e vejo todas as repostas para todas as perguntas que tenho sobre a vida.
Acredito porque me fazes feliz.
Simplesmente feliz.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Casamento


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[Escrito originalmente em 08 de janeiro de 2008]
Graciosos raios de sol que entravam pelas brechas da cortina na janela a despertaram. Ela despreguiçou gostoso e ficou pensando no dia que teria pela frente. Precisava ir ao banco, pagar algumas contas, contratar uma nova diarista e outra passadeira. Também precisava terminar os relatórios do trabalho. Havia muita coisa pra se fazer naquele dia. Uma imensa vontade de continuar na cama a invadiu.

Mas espera um pouco... que dia era aquele? Ela não conseguia se lembrar.

Terça, quarta... talvez quinta. Setembro, outubro? Não. Maio. Mas porquê maio? 12 de maio. O que é que tinha aquela data? E porque não sabia que dia era hoje? Tanto faz. Ligaria a tv ou o rádio e logo saberia.

- Olá minha filha! Minha princesa. - Sua mãe adentrou pela porta lhe dando o maior susto. O que ela fazia ali?

- O que você tá fazendo aqui?

- Bom dia pra você também, meu amor... Agora se levante, temos muita coisa pra fazer. Primeiro temos que preparar sua maquiagem, seu cabelo. O meu Deus, minha linda! Sua pele está um pouco manchada. E esse cabelo. Lisa, que cabelo mais horrível, desidratado. Você anda muito relaxada, hein?! E logo hoje? Levanta, anda! Bora, bora...

- Me arrumar pra quê? Que que eu tenho? Pra que tudo isso? E o que é que você está fazendo aqui?

- Não estou pra brincadeiras Lisa. Levanta! Paolo... Paolo, pode entrar.

Um homem um tanto afeminado entrou com duas malas de mão nas mãos, seguido por uma equipe do que pareceu...

- Cabelereiros???? Pra quê...

- Muito prazer, senhorita Lisa. Eu sou Paolo e esta é minha ma-ra-vi-lho-sa equipe. Não se preocupe. Faremos de você a noiva mais linda que alguém possa ter visto.

- Noiva!!!! Que história é essa? Que brincadeira mais sem graça...

- Sente-se aqui por favor. Rapazes e Meninas, hora de começar.

Rapidamente, todos, uma equipe de 7 pessoas abriram suas maletas e retirama tesouras, lixas, secadores, toalhas e objetos que não pareciam ter fim.

Lisa se sentiu perdida no meio daquilo tudo. Uma verdadeira marionete... Noiva? Como assim?

- Ah, Mila! Milinha... Graças à Deus você chegou. - Ela interrompeu o trabalho de tantas mãos em seus cabelos, unhas e rosto, se levantando para um abraço desesperado em sua amiga. - Já volto pessoal - disse para as pessoas com escova, picéis de blush e esmalte nas mãos. Pegou em uma das mãos da amiga, a levou para dentro do banheiro e fechou a porta atrás de si - o que é tudo isso? Que história é essa de noiva? Eu vou casar?

- Como assim? Lisa, você bebeu ou perdeu a memória?

- Mila? Me diz que eu não estou noiva? Por favor?

- Lisa, olha isso aqui na sua mão direita. Daqui algumas horas, vai ter uma mais grosa e mais linda do que essa na sua outra mão. Minha nossa! Você tá bem?
- E eu vou casar com quem, pelo amor de Deus?
- Com o Thiago! Lisa, você está mal mesmo, nhein... ou se esqueceu dele também?
- Mas quem é Thiago?
- Como assim? Lisa, vai fazer um ano que vocês estão noivos!
- Não, Mila, tá tudo errado! Eu não amo esse cara, eu não quero me casar com ele. Eu não conheço ela, eu...
- Mas você tem uma festa enorme pra daqui a três horas. Lisa, não dá pra cancelar tudo. E você vai acabar com a vida do Thiago.
- E se eu chegar a entrar em um vestido, eu vou acabar com a minha vida! E como é que minha mãe conseguiu a chave do meu apartamento?
- Você deu uma chave pra ela ontem. Lisa, acho que você precisa de um médico.
- Eu preciso saber quem é ele.
- Lisa, casa e depois você conversa com ele, tudo bem?
- Filha! - Ouviu-se a voz da mãe de Lisa do outro lado da porta. - O vestido já chegou, meu bem. Ande logo.
- Isso tudo é uma loucura.
Os raios de sol já não estavam mais graciosos, já não importavam mais as contas a pagar e não havia mais preguiça. Não haveria independência. Como ela poderia se casar se nunca quis isso pra si. Noiva? Quem era Thiago? Lisa queria saber como se meteu naquela confusão. Agora, ela já sabia que dia era. O dia de seu casamento...
[continua...]